Psicologa em Curitiba

Pandemia – COVID-19 e a Ansiedade

No Brasil, tivemos os primeiros relatos de casos e de óbitos por COVID-19 em março/20; entretanto, a doença já havia sido declarada como pandêmica pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Deu-se início a novos protocolos de saúde, segurança, distanciamento social e higienização. Os conhecidos lockdown (confinamento), noticiados pelas mídias ao redor do mundo, foram decretados em diversos estados brasileiros. Já era um novo tempo, que todos achavam que logo acabaria.

Os dias se passaram, vieram aniversários, datas comemorativas, feriados e a previsão do retorno ao ‘normal’ parecia cada vez mais distante e incerta. O home office (escritório em casa) foi deixando de ser provisório e passando a fazer parte do modo de trabalho de muitas pessoas. Junto a isso, as aulas online de escolas e faculdades davam continuidade. Agora, a casa passou de apenas um lugar de descanso e lazer, para um dos únicos lugares seguros e confiáveis para se passar os dias; alguns sozinhos, outros com os cônjuges, as crianças, o cachorro, a sogra. Aprendemos o ‘Novo Normal’, o ‘Novo’ jeito de enfrentar a vida, de abraçar, de amar, de cuidar, mesmo de longe.

Junto a isso tudo, tivemos as perdas de familiares, de amigos, de vizinhos, de famosos. Uma doença que não escolhe idade, sexo, raça ou religião; que age da forma que quer, mais grave ou mais leve; que deixa sequelas no corpo e na alma; que será lembrada para sempre, na história da humanidade; que marcou pela agilidade da ciência em se organizar para desenvolver uma vacina; que mostrou que podemos estar juntos, mesmo longe e que podemos ajudar sem esperar algo em troca.

E hoje, após 8 meses enfrentando um vilão imperceptível aos olhos, tivemos a luz que tanto pedimos; a esperança de voltar a abraçar não apenas com os olhos, de estar junto de todos que amamos: a tão esperada e pesquisada VACINA.

Durante todo esse período, trabalhei em casa, realizando atendimento online, enfrentando junto com meus pacientes, todos os sintomas que essa pandemia causou na população. Sintomas da COVID-19? Não, sintomas do isolamento social, do home office, do lockdown. Quem não ficou ansioso, que ajude a todos!

Não tinha um paciente que não falasse a palavra ‘ansiedade’ no início da pandemia. Com o passar do tempo e a piora nos casos, os sintomas de ansiedade foram aparecendo cada vez mais e com mais frequência.

Segundo o DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição), o paciente com transtorno de ansiedade possui múltiplas preocupações, as quais quase sempre mudam com o tempo; associado a características de medo e ansiedade excessiva. A evolução é geralmente variável e crônica, podendo haver piora durante um momento de estresse. Algumas das preocupações mais comuns incluem responsabilidades no trabalho e com a família, dinheiro, saúde, segurança, reparos no carro e pequenas tarefas.

Diversos estudos foram publicados referentes ao impacto psicológico durante o período de quarentena, em epidemias prévias e sobre a COVID-19. Nos estudos anteriores, a grande maioria apresenta efeitos psicológicos negativos e os principais fatores de estresse foram a duração da quarentena, o medo da infecção, os sentimentos de frustração e de aborrecimento, a informação inadequada sobre a doença e seus cuidados, as perdas financeiras e o estigma da doença. Nos estudos atuais, são apresentados como estressores na pandemia da COVID-19 a veiculação de informações falsas e sem base científica, as notícias alarmantes e o excesso de tempo dedicado às notícias sobre a pandemia. Pesquisas realizadas na China apontam índices elevadas de depressão e ansiedade na população estudada, especialmente em algumas partes específicas da população, como nos trabalhadores do setor da Saúde (BARROS et. al., 2020).

Temos um vírus que não é possível de ser visto, mas é sentido por muitos. Não apenas quem o contrai, mas também aqueles que vivem o medo de um dia tê-lo que enfrentar. Apenas isso já é sinal de ansiedade para muitas pessoas; somado às demissões ocasionadas pela pandemia, o aumento do preço dos produtos, pela alta procura e baixa demanda, a doença crônica, que já era uma ameaça à vida, a falta de contato humano, para se proteger. Essas e outras situações estão sendo vivenciadas a cada dia e com um aumento frequente. A ansiedade do que irá acontecer amanhã, semana que vem, no fim da pandemia, tem atormentado a população.

Mas então, o que fazer?

Primeiro respire, conte até 10, inspire e expire profundamente. Segundo, organize sua mente e sua casa, nada desorganizado consegue funcionar direito. Terceiro, escreva o que lhe angustia, o que causa essa sensação de ansiedade e mente acelerada. Quarto, faça uma atividade física, liberar endorfina faz com que o cérebro e seu corpo relaxem e produzam uma sensação de bem estar. Quinto, faço algo que goste, dedique um tempo a você. Sexto, procure ajuda de um profissional, você não precisa passar por isso sozinho.

Giovanna Borba

Psicóloga Hospitalar

CPR 08/20898

Referências

Barros, M.B.A. et al. Relato de tristeza/depressão, nervosismo/ansiedade e problemas de sono na população adulta brasileira durante a pandemia de COVID-19. Epidemiologia e Serviços de Saúde [online]. v. 29, n. 4, ago.20. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S1679-49742020000400018>. Acesso em: 27 de janeiro de 2021.

DSM-V (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição). Disponível em: https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/5662409/mod_resource/content/1/DSM-5.pdf. Acesso em: 27 de janeiro de 2021.

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