*Texto extraído do site do Ministério da Saúde*
A depressão pós-parto é uma condição de profunda tristeza, desespero e falta de esperança que acontece logo após o parto. Raramente, a situação pode se complicar e evoluir para uma forma mais agressiva e extrema da depressão pós-parto, conhecida como psicose pós-parto.
A depressão pós-parto traz inúmeras consequências ao vínculo da mãe com o bebê, sobretudo no que se refere ao aspecto afetivo. A literatura cita efeitos no desenvolvimento social, afetivo e cognitivo da criança, além de sequelas prolongadas na infância e adolescência.
O que causa a depressão pós-parto?
Não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto. Ela pode estar associada a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida, além de ter ligação, também, com histórico de outros problemas e transtornos mentais. No entanto, a principal causa da depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da gravidez.
Outros fatores que podem causar ou ajudar a provocar a depressão pós-parto:
- Privação de sono.
- Isolamento.
- Alimentação inadequada.
- Sedentarismo.
- Falta de apoio do parceiro.
- Falta de apoio da família.
- Depressão, ansiedade, estresse ou outros transtornos mentais.
- Vício em crack, álcool ou outras drogas.
No caso dos homens, a depressão pós-parto pode surgir por conta da preocupação com sua própria capacidade de educar um recém-nascido. A ansiedade em prover uma boa vida para a criança, o aumento das responsabilidades e o suporte que se deve dar ao parceiro(a) estão entre as causas do problema.
Quais são as complicações da depressão pós-parto?
A mulher que está em depressão pós-parto, normalmente, amamenta pouco e não cumpre o calendário vacinal dos bebês. As crianças, por sua vez, têm maior risco de apresentar baixo peso e transtornos psicomotores, além de outros problemas de saúde.
Os custos emocionais ligados à depressão pós-parto fazem com que a mãe interaja menos com a criança. Da mesma forma, sintomas como irritabilidade, choro frequente, sentimentos de desamparo e desesperança, diminuição da energia e motivação, desinteresse sexual, transtornos alimentares e do sono, ansiedade e sentimentos de incapacidade de lidar com situações novas são emocionalmente potencializadas.
Se não for tratada corretamente e de forma imediata, a depressão pós-parto pode interferir negativamente o vínculo entre mãe-filho e causar problemas familiares, muitos deles irreversíveis. Filhos de mães que têm depressão pós-parto não tratada são mais propensos a ter problemas de comportamento, como dificuldades para dormir e comer, crises de birra e hiperatividade. Os atrasos no desenvolvimento da linguagem são mais comuns também.
A depressão pós-parto, se não tratada adequadamente, pode durar meses e até tornar-se em um distúrbio depressivo crônico. Mesmo quando tratada, depressão pós-parto aumenta o risco de futuros episódios depressivos, o que demanda um acompanhamento periódico da saúde mental da pessoa.
É importante atentar que, em casos mais graves, a depressão pós-parto pode levar ao suicídio.
Quais são os fatores de risco para depressão pós-parto?
Existem alguns fatores de risco que podem aumentar o surgimento de depressão pós-parto. Por isso, atente-se se você se enquadra em alguma das situações abaixo e procure atendimento médico.
- Histórico de depressão pós-parto anterior.
- Falta de apoio da família, parceiro e amigos.
- Estresse, problemas financeiros ou familiares.
- Falta de planejamento da gravidez.
- Limitações físicas anteriores, durante ou após o parto.
- Depressão antes ou durante a gravidez.
- Depressão anterior.
- Transtorno bipolar.
- Histórico familiar de depressão ou outros transtornos mentais.
- História de desordem disfórica pré-menstrual (PMDD), que é a forma grave de tensão pré-menstrual (TPM).
- Violência doméstica.
Quais são os sintomas da depressão pós-parto?
Os sintomas típicos da depressão pós-parto são melancolia intensa/desmedida, desmotivação profunda diante da vida, ausência de forças para lidar com a rotina e muita tristeza, acompanhada de desespero constante.
Além disso, se você apresentar os sinais abaixo também pode estar com depressão pós-parto:
- Perda de interesse ou prazer em atividades diárias.
- Perda de interesse ou prazer em atividades/coisas/pessoas que antes gostava.
- Pensamento na morte ou suicídio.
- Vontade súbita de prejudicar ou fazer mal ao bebê.
- Perda ou ganha de peso.
- Vontade de comer mais ou menos do que o habitual.
- Dormir muito ou não dormir o suficiente.
- Insônia.
- Inquietação e indisposição constante.
- Cansaço extremo.
- Sentimento de indignação ou culpa.
- Dificuldade de concentração e tomada de decisões.
- Ansiedade e excesso de preocupação.
A psicose pós-parto é a condição grave mais susceptível de afetar as mulheres que têm distúrbio bipolar ou histórico de psicose pós-parto. Os sintomas, que começam geralmente durante as primeiras três semanas após o parto, incluem:
- Desconexão com o bebê e pessoas ao redor.
- Sono perturbado, mesmo quando o bebê está dormindo.
- Pensamento confuso e desorganizado.
- Vontade extrema de prejudicar/fazer mal ao bebê, a si mesma ou a qualquer pessoa.
- Mudanças drásticas de humor e comportamento.
- Alucinações, que podem ser visuais, auditivas ou olfativas.
- Pensamentos delirantes e irreais.
Como é feito o diagnóstico da depressão pós-parto?
O diagnóstico da depressão pós-parto é basicamente clínico, feito com observação nos sintomas e situação em específicos. Esse transtorno é considerado um subtipo de depressão maior.
Para ser considerada depressão pós-parto, os sintomas devem surgir até quatro semanas após o nascimento da criança. Durante avaliação clínica individual, conforme cada caso, o médico psiquiatra pode diagnosticar a depressão pós-parto, a depressão ou outro tipo de transtorno mental que tenha sintomas semelhantes.
Como é feito o tratamento da depressão pós-parto?
O tratamento da depressão pós-parto é feito individualmente, conforme cada caso, com medicamentos antidepressivos combinados com psicoterapia. O aconselhamento e apoio da família, parceiro(a) e amigos é fundamental, pois ajuda a tratar e a prevenir depressão, depressão pós-parto e depressão durante a gravidez.
Para o tratamento ser eficaz, é recomendado que ambos os pais participem de todo o processo. Existem, também, psiquiatras e psicólogos especializados no tratamento de depressão pós-parto. Todo o tratamento é oferecido de forma integral e gratuita por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
Conforme cada situação, também podem ser recomendados:
- Presença de um(a) babá durante meio período ou tempo integral.
- Exercícios para fortalecer os laços entre paciente e bebê.
- Terapia hormonal.
No caso de psicose pós-parto, é necessário, também, tratamento imediato, muitas vezes hospitalar. Quando a segurança da paciente está garantida, uma combinação de medicamentos – como antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor – pode ser usado para controlar os sintomas O tratamento para a psicose pós-parto pode afastar a mãe do bebê por muito tempo e tornar a amamentação difícil e alguns medicamentos utilizados para tratar a psicose pós-parto não são recomendados para mulheres que estejam amamentando.
Como prevenir a depressão pós-parto?
A melhor forma de prevenir a depressão pós-parto é cuidado de si mesma e da saúde mental. Entre as condutas a serem tomadas estão:
Peça ajuda de outras pessoas para que você consiga dormir bem, manter uma alimentação saudável, fazer exercício físico e receber apoio na medida do possível.
- Arranje tempo de qualidade para si mesma(o).
- Mantenha pensamentos positivos, sempre!
- Evite o isolamento.
- Fique longe de cafeína, álcool e outras drogas ou medicamentos, a menos que recomendado pelo seu médico.
- Se você está preocupado com a depressão pós-parto, faça seu primeiro check-up pós-natal o mais breve possível após o parto.
REFERÊNCIA
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Disponível em: https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/saude-mental/depressao-pos-parto